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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Carta ao Chromárcio: Luas de Lembranças II


Esse texto é dedicado a todos os amigos da época do Chromárcio, a todos meus professores, funcionários do colégio e a meu pai, pelo carinho.
Escrito em setembro de 2002 lido
numa noite de homenagens aos 80 anos do Colégio .

Início dos anos 80, exatamente1982, uma época que cheira a saudade. O tempo parecia correr menos para mim. As cores eram mais vibrantes, os corações batiam em ritmo acelerado uma característica própria do peculiar momento.
Não percebia as questões política e econômicas tangentes que os adultos costumam se preocupar. Vivia o aqui e o agora, gostava de brincar, apenas!
Ouvia falar de um antigo Colégio fundado por um padre que morrera há muitos anos,mas, de relevada importância para a cidade,pois, durante sua existência deixou um legado histórico e tradicional para educação em nosso município.
Pela tradição, muitos de minha família tinham estudado nele. Eu como ainda me complicava com as palavras, fazia uma referencia ao colégio como: O Velho Prédio !
Altivo, ficava no centro da cidade. Janelas de madeira maciça, cores sóbrias, grandes portões de ferro.Também não lembro muito bem o valor,mas sei,que meu pai pegou alguns trocado e em matriculou na 2ª serie do Colégio Cenecista Pe. Chromárcio Leão.
Como toda escola tradicional, em uma cidade que na época era pequena, todos conhecem todos. Estava na secretaria trabalhando a filha de Professor Napoleão, Ana, que me recebera com carinho, fez minha matricula e ouvindo atentamente as recomendações de meu pai em um tom doce de acalento respondeu:
-Não se preocupe Sr Luis ela agora está conosco!
Isso acontecera em meados de dezembro do referido ano, em fevereiro do ano posterior, estava eu com a mochila nas costas, com o material básico, lápis, cadernos e borrachas com aquele cheiro de novo,de primeiro dia de aula, sabe?
A fila da entrada era formada e meu pai me olhava com um jeito que só ele sabia me olhar e dizia: - Estude quero ver você formada. Depois de muitos anos entendi porque ele dava tanta importância a uma formatura. Minha mãe me contou que por ser muito pobre e educação era artigo de luxo, nunca pode estudar sendo alfabetizado por mamãe logo depois do matrimônio.
Todos os alunos da escola entravam de forma organizada com o fardamento completo. Como estávamos em tempos modernos a antiga calça de brim azul escuro fora substituída pela calça jeans, legal para jovens! O sapato era preto, e a camisa de malha azul que tinha um escudo ao lado esquerdo em formato de um livro e uma pena com o nome do colégio arrodeando as figuras.
Na entrada, Nil , antiga funcionaria responsável pela organização dos alunos. Estilo bedel, que contrastava com a modernidade de nossas calças jeans. Foram feitas as apresentações formais e de longe avistava meu pai acenando pra mim com ares de alegria por ver mais um filho entra em uma escola .
O tempo passou e eu me acostumei com a rotina escolar. Todos os dias meu pai não importava-se em acordar cedo para me levar ao Chromárcio, e sempre a mesma cena se repetia , ele acenando pra mim enquanto eu entrava no antigo prédio imponente.
Até que um dia ele não mais me trouxe até os portões, não porque eu desejasse, mas porque a vida o levou de mim. E também me levou para longe do antigo prédio imponente, deixando-me distante dos amigos, dos professores , das minhas lembranças e até de minha saudade.
Com a morte de meu pai fiquei afastada por um ano do colégio. Sentia fala de tudo a ponto de doer.Neste mesmo ano,eu estava na 5ª serie,fui matriculada em outra escola em outro bairro totalmente distante , mas não consegui passar nas provas.
Com o tempo minha mãe achou melhor voltarmos para o antigo bairro, para nossa antiga casa e enfrentar assim a saudade.E eu, novamente fui levada a frente daqueles portões, e desta vez, com outros trocados , minha mãe matriculou-me no meu velho colégio.
Então substituí minha saudade pela alegria. E sempre que entrava no pátio do Chromárcio Leão, parecia que avistava meu pai no portão me olhando com os mesmo ares de orgulho e acenando carinhosamente para mim.Ninguém nunca percebeu mas, sempre olhava pra trás procurando essa antiga visagem.
Há 20 anos atrás ensino fundamental era chamado ginásio, passei parte do meu primário e todas minhas series ginasiais no Colégio Cenescista Pe Chromárcio Leão. Nossa, lá eu aprendi tantas coisas que fica difícil enumerá-las,mas recordo-me bem, de alguns assuntos como de trigonomeria, da II guerra mundial , de Clarice Lispector , da Canção do Exílio  e das preposições.
Meu sobrinho estuda no Chromárcio e outro dia conversando comigo me perguntou: “Tia o que você aprendeu na escola? Eu respondi : aprendi a ser gente! Que experimenta saudade, amor , alegria...
Hoje, sou tanta coisa que às vezes me perco graças a tudo que aprendi no meu processo de formação vivenciado grande parte neste colégio. E trago, como legado  pelas mãos, meus sobrinhos que são como se fossem meus filhos, assim como meu pai fez comigo um dia . E como reprise do destino aceno para eles no portão e desta vez, parece que ele, meu pai , está ao meu lado sorrindo e acenando também, bem em frente do antigo prédio imponente.  




O Colégio Cenecista Pe Chromarcio Leão , foi desativado e hoje é uma loja de revenda motos  infelizmente, pouco resta do antigo prédio imponente




sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Cheiro de Mato: Luas de Chuvas



Na janela embaçada, onde escorre pequenas gotas de chuva, que pingam pausadamente enquanto as folhas das arvores balanças como se acenassem para alguém. Do outro da  janela, a roupa molhada conserva o corpo quente de tanto correr. Repouso minha bolsa, troco idéias com meus amigos, tomo um café, ligo minha maquina mágica e completo  minha rotina matinal. Na sala: problemas! Dentro de mim: um coração!
Tento manter a calma da espera, a calma da necessidade do pão. Mas, minha alma deseja o cheio de mato, a relva suave de doces campinas.
Na boca o gosto ácido da saliva, nas lembranças de frutos doces e maduros. No  ouvido ainda pousa as notas de uma canção tocada no radio que remete um raros sorriso aos lábio.
Então fecho os olhos e me imagino no campo correndo livremente sem amarras, sem tolas ideologias. Sinto, então, as pequenas gotas de chuvas como se molhassem meu rosto, e eu de braços abertos recebendo o suor divino.
De repente abro meus olhos e me acordo na sala de trabalho. E percebo que ao invés de doces gotas de chuva escorre do meu rosto uma pequena lagrima de riso e de desejo.
E-mail: lailmalemos@hotmail.com
leoni.mtt@hotmail.com
quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Papoulas Vermelhas: Luas Carmins



Amigos, fraternos:


Há dois dias atrás faleceu uma jovem a qual estimava bastante, vítima de acidente de transito e da vida em si. E  como forma de curar um pouco a minha melancolia segue um texto que foi escrito por mim no mês de junho passado. Esse texto é uma reflexão para todos nós "humanos, demasiadamente humanos"


Bjs Lailma Sheula Lemos ,
e adeus  Cicinha. Saudades!!


Foram as papoulas vermelhas que vi naquela tarde no cemitério. Era a primeira fez que ia a um funeral de um adolescente. Eu ,tinha 10 anos, ele 12. Meus pais moravam em uma boa casa, num bom bairro, com comida , afeto , e tudo mais que uma boa garota de família poderia desfrutar .
Ele, era pardo , pobre , morava em um bairro proibido para nós, garotas e garotos de família, não tinha pai,apenas mãe, que por coincidência a minha mãe tinha alfabetizado.
Lembro-me que chegara da escola e vi o tumulto na rua, pessoas em frente a minha casa: estranho? pensei ! Desci a pequena rampa e entrei. Logo,minha mãe me explicou: -“Não se assuste, foi um “trombadinha” que estava apanhando na rua e sua cunhada resolveu acudi-lo. Mas,não chegue perto dele”.Com ares de aflição !!
Bem, naquela  época minha cunhada morava conosco , na verdade em cima de minha casa, e ficou impressionada com o nível de violência que a população deflagrava contra aquela criança. Eu não entendia muito bem o  porquê de não poder chegar perto dele,se na verdade, ele era uma criança como eu.
Lá fora as pessoas gritavam: “ deixe esse marginal sair!!” . Não me lembro  qual era o motivo da raiva dos populares, lembro-me apenas do olhar dele para as coisas de casa, como se estivesse num lugar tão estranho à sua realidade.
A saída dele foi conduzida por um amigo da família que para amenizar os ânimos do povo que estavam lá fora  o levou até a casa de sua mãe, naquele lugar proibido para garotos e garotas de família como eu.
Os ruídos ficaram: “ele é um drogado, rouba, mal educado, sujo, pobre... não é de nosso nível...” mas, afinal que nível era o nosso ?? o nível do desconhecimento? do descaso com a pobreza ?? Penso hoje que sim...
Após algum tempo, ele foi morto ou morreu, não lembro bem, sei apenas que seu corpo foi encontrado em baixo da marquise da ponte próxima a nossa casa.
Minha cunhada perguntou numa tarde se eu gostaria de ir ao enterro do garoto, pois a mãe dele, grata pela ajuda que demos, veio avisar de seu falecimento e sepultamento. Eu fui, até por curiosidade e lá tinha poucas pessoas. Numa cova rasa, no chão barrento o enterraram! Diferente do túmulo de nossa família, cuidado religiosamente,com flores coloridas num jarro de vidro,com uma cruz em mármore e com azulejos, que sagradamente eram limpos toda semana, pois, era um hábito de nossa família cuidar da morada dos nossos mortos.  
O dele, não tinha cruz, uma vela e eram as papoulas vermelhas que ficava próximo a sua cova que mercaram a minha memória. Vermelhas carmim, como seu sangue!
Hoje são tantos outros refletidos nessas papoulas, tanto carmim derramado em vão... São esses, pardos, negros, meninos e meninas fruto de um legado perverso. Ah Freud, qual é o ópio do mundo ???
Eu, não sou mais a garota que chego à tarde da escola, nem tão pouco a garota de família que eles pensavam. Vou até os locais que foram para mim proibidos, e vejo que lá tem pessoas como eu!! Que sofrem , sentem , e amam!
A tarde, vou enterrar mais um garoto. Não sei se haverá flores ou velas em seu túmulo. Passamos anos tentando “recuperá-lo” e não foi suficiente... ou será que não fomos suficientes?
Descanse amigo dessa maldita vida, e o que posso fazer por você agora é rezar e cometer o pecado do sacrilégio de mudar minha oração :

“Pai nosso que estais no céu, eu sei que santificado é seu nome, por favor venha aqui um instante...
Deixe um pouco teu reino, e mesmo que seja a sua vontade aqui na terra como no céu , por favor me console!
 O pão nosso de cada dia, nós dê hoje , a mim e a todos, sem discriminação...
Perdoai essa minha ofensa, e minha raiva , meu descaso,
Olhei por ele que se foi, e nos livra-nos de nosso mal ...

Amém .
À Luiz , com carinho ...
30/06/2011
quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O Velho trem nas linhas de ferro : Luas de Lembranças

Quando olho as ruínas da velha estação de trem da cidade em que moro forma uma pintura opaca na minha mente. Fleches de lembrança de sua cores e formas,o cheiro das coisas, da chegada do trem e sua saída, dos motivos de minha cidade.
Recordo-me que na minha infância toda a vida urbana latejava na batida das horas do velho relógio da estação central. Pessoas iam ao trabalho, pessoas viam à passagem ...num vai e vem frenético na pulsante necessidade de correr a vida. Sinto ainda o gosto da cocada vendida em tabuleiros, escuto o barulho do tilintar da catraca quando passávamos para a plataforma. O apito sonante avisando: Sai da frente que quero passar ....e impacto da locomotiva que engatava no vagão e levava todos ao destino de seus mundos.
A velha estação está em ruínas, o pontual relógio agora é apenas um símbolo, está morto e não existe mais nem seus destroços. Não se ouve mais o apito que avisava sua chegada ou sua saída... Apenas restaram os trilhos!! Sim , esses fortes e robustos ainda permanecem entorpecidos em cima de grandes toras de madeiras na qual chamamos de dormentes,afixados com cravos de aço que é praticamente impossível sua remoção sem ajuda de instrumentos de força.
E, quando me vejo caminhando nessa linha férrea olho pra frente e a comparo com o futuro ... a linha férrea termina e começa outras estradas.Olhando para trás vejo o passado e em cada estação anterior, traços de minha história, de outras tantas histórias de “lições diárias de tantas outras pessoas” ( Gonzaguinha). Cada parada um momento, cada dia uma estação. Esses, instantes, tão fortes quantos os cravos de aço e dormentes que seguram os robustos trilhos do antigo trem. E o tilintar do velho relógio ressoa agora não mais na torre, mas sim, na minha alma. 

 Escrito em 14/07/2011


http://luasdequiron.blogspot.com/
E-mail: leoni.mtt@hotmail.com
        lailmalemos@hotmail.com
terça-feira, 16 de agosto de 2011

Sinal de amor e de perigo : Luas de acordes.



À noite e a cidade parece que some
Perdida no sono dos sonhos dos homens
Que vão construindo com fibras de vidro
Com canções de infância, com tempo perdido
Um grande cartaz um painel de aviso
Um sinal de amor e de perigo
Um sinal de amor e de perigo
Há tempo em que a terra parece que some
Em meio a alegria e tristeza dos homens
Que olham pros campos pros mares cidades
Pras noites vazias, pra felicidade
Com o mesmo olhar de quem grita no escuro
O melhor foi feito no futuro
O melhor foi feito no futuro
Enquanto o amor for pecado eo trabalho um fardo
Pesado passado presente mal dado
As flores feridas se curam no orvalho
Mas os homens sedentos não encontram regato
Que banhe seu corpo e lave sua alma
O desejo é forte mas não salva
O desejo é forte mas não salva
Enquanto a tristeza esmagar o peito da terra
E a saudade afastar as pessoas partindo pra guerra
Nós vamos perdendo um tempo profundo
A força da vida o destino do mundo
O segredo que o rio entrega pra serra
Haverá um homem no céu e deuses na terra


E-mail: leoni.mtt@hotmail.com
segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O Mar e a Areia: Lua de Mel


            Observando o Mar e a Areia compreendi que descaradamente permitem exibir o seu ato de amor. Dois amantes que se procuram em silêncio e tornam-se um aos olhos de quem observa.
         Seus corpos flamejam em paixão que estende-se ao oceano que cobre  a terra,traduzida  em nascentes que percorrem os leitos dos mares, cachoeiras de sentimentos onde os rios deságuam.,onde homens se  banham e na alcova pacífica  da alma que  inúmeras vezes foram  a naufrágio.
            Misterioso, o Mar ,carrega os segredos da forma fecunda como gerou os seres viventes. Um misto enigmático de divindade tornando-se o reino de um Deus.Seu coração é habitar das sereias e oculta cidades perdidas, navios piratas destruídos em batalhas e o banzo dos negros  que do outro lado foram retirados.
            Molhado, o Mar, beija a Areia que deleita-se com as carícias indescentes de seu amado.Feito então ,projetos de segredos juras eternas de dois apaixonados.
            Ela durada pelo sol, ele violento de tanto desejo completam-se como a mão e a luva.Os seios da terra é banhada na saliva salgada das ondas e com lábios quentes de paixão,o Mar, desfruta-se inspirando sonhos desvairados e a Areia, a viajar em veredas de delírio.
            Indecente,o Mar ,lambe a Areia que se abre por completo deixando sugar todo seu mel.  E gemendo de prazer dilacera todas as barreiras do céu e do inferno, tornando-se ela unicamente dele, permitindo que a engula e a marque no momento de gozo.
            O Mar se descobre fálico, viril,como se dele fosse a vida, e a Areia,deixa-se penetrar no vai e vem frenético e contínuo das ondas, até que em êxtase, acalmam-se.
            Na noite os amantes repousam num silêncio que se rompe ao sussurro do quebrar das ondas nos corrais. E ele , o Mar , dorme calmo nos braços da Areia que o acalenta.
            Quando amanhece o Mar e a Areia deixam que todos observem o quando se amam, matando de inveja os homens,porque simplesmente,não os entende.

Escrito entre 2000 e 2003.
domingo, 14 de agosto de 2011

DIA DOS PAIS: Luas de Saudades

Poema de Mario Quintana


Mário Quintana
1906 - 1994
AS MÃOS DO MEU PAI

As tuas mãos tem grossas veias como cordas azuis
sobre um fundo de manchas já cor de terra
— como são belas as tuas mãos —
pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram
na nobre cólera dos justos...
Porque há nas tuas mãos, meu velho pai,
essa beleza que se chama simplesmente vida.
E, ao entardecer, quando elas repousam
nos braços da tua cadeira predileta,
uma luz parece vir de dentro delas...
Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente,
vieste alimentando na terrível solidão do mundo,
como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o vento?
Ah, Como os fizeste arder, fulgir,
com o milagre das tuas mãos.
E é, ainda, a vida
que transfigura das tuas mãos nodosas...
essa chama de vida — que transcende a própria vida...
Obrigada Dora querida !
Postado Por Natanael Lima Jr, em Domingos com Poesia :
 http://www.domingocompoesia.blogspot.com/

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Coisas Divinas: Lua Crescente


Pensei hoje pela manhã o que são coisas divinas? De forma inesperada me veio essa estúpida pergunta pela manhã : O que são coisas divinas??
Lembrei então, das minhas antigas aulas de religião onde a professora de catecismos lembrava todos que deviríamos pedir perdão dos nossos pecado para sempre amém ! mas, para quem tenha sete anos: Que raios era pecado ?? Pular a cerca do visinho para pegar frutas? Falar mentirinhas fantasiosas ou dizer que viu Papai Noel na sacada da janela? Enfim ...
Percebi que ao longo de minha trajetória me passaram as coisas divinas em segundo plano ... Rezar não pelo bem ,mas pra livrar-me do mal ...Pedir perdão do pecados pois já nascemos pecadores... ??? Como pode? Vai ver que foi isso que me deixou incrédula durante muito tempo e por esse mesmo sentido, pude ver Deus nas coisas incrédulas.
É foi assim minha busca pela divindade, por coisas divinas. Pedindo perdão ao Pai , pois “eles” os professores, os catequistas e todos os religiosos que me cercaram, não sabiam o que faziam.
E posso ver as coisas divinas, através dos meus olhos de carne e dos olhos de minha alma. Vejo coisas divinas no impossível, vejo-as nas areias da praia, vejo coisas divinas nas flores, nas florestas , nos mares.
Vejo-as no humano, nele sim, vejo muita coisa divina, pois, só Deus para criar o perfeito na imperfeição.Vejo coisas divinas até nos olhos do mal , pois, só olhando o mal olho no olho é que podemos entender Deus. E vejo coisas divinas em mim, olhando o mundo na ótica de meu filho, então sim , vejo Deus em sua plenitude . 

Lições de poesias: Lua Cheia




Outro dia sonhei que conhecia Clarice Lispector e que na morava em uma página de seu livro. Fiquei assustada, pois, no sonho horas a luz aparecia e de repente tudo se tornava escuro e não conseguia contar o tempo para que a luz voltasse a clarear.
Quando era “dia” podia olhar seu rosto (o de Lispector), e fazia acenos para que de certo modo ela me salvasse e me tirasse daquela prisão. Em vão as minhas intenções. Clarice não me via e não adiantava gritar,pois, ouvir era mais impossível que me ver.
            O tempo se passava e na continuidade conhecia cada expressão de Clarice. Seu olhar de saudade, seu choro contido, suas rugas de dor, seu suspiro apaixonado, cada mistério era desvendado em suas expressões.
No sonho, ao passar do tempo eu ficava amarela como as paginas não mais esbranquiçadas da minha prisão. Tossia! O mofo agora era um imperador!  As letras do livro se afixavam em meu corpo como marcas em fogo, ou tatuagens em nanquim. Eu e o livro agora éramos um só.Chegou a ponto que o tempo não mais era contado e também não via mais o rosto de minha autora.
O dia amanheceu e acordei desse sonho medonho. Fiquei assustada, pensei em voltar a terapia, afinal que prisão misteriosa fui suprimida naquela madrugada?!
Olhei para os raios de sol e da fina penumbra que desvelava a aurora, mais uma vez, lembrei do sonho latente e corri para estante. Nela havia livros velhos dentre eles, alguns de Clarice. Em especial “A Paixão Segundo G.H”, folhei, re-li, e me partia o coração as frases tão cruas e “tão minhas”,apesar de serem dela.
E de repente lembrei-me do texto: “Felicidade Clandestina”,  o meu favorito,e, de um episódio real numa parada de ônibus. Neste dia era tarde e voltava para casa, uma senhora próxima a mim, lia, em voz alta para sua filha um texto que a principio não reconheci. Quando prestei a atenção naquela inusitada cena percebi que era Clarice, em “Felicidade Clandestina”.
Ao terminar de ler, a referida senhora, aos prantos em plena parada de ônibus,  expressa: “Isso é muito lindo,filha! fico emocionada como ela me marca”.Meu ônibus chegou,entrei na condução tocada com a cena.
E foi aí, que entendi o “porquê” do  meu sonho medonho, pois Clarice é assim, marca como tatuagem, expressa exatamente como sentimos, sem pudores sem melindres. E nos aprisiona como uma doce feiticeira em cada palavra mágica que escreveu.
A “Felicidade Clandestina” é o meu predileto, principalmente  seu final : 

A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada. As vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo. Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.”

Lailma Sheyla de Lemos

Lua Nova : 12 /08 /2011

Céu de Santo Amaro :


Sonho com coisas simples, de resultados simbólicos que possam me trazer felicidade.Gosto do abraço amigo, do beijo na mão,gosto de olhos nos olhos,pois retinas são como pequenas janelas onde lagos de sentimentos se fundem.
Gosto de coisas concretas onde posso dar passos firmes.De abstrair a maldade e a malicia do mal.
Gosto de sentir a firmeza das palavras, pois tenho um coração aberto e acredito nas pessoas. Meu corpo,por exemplo, é  “O corpo”, uma pequena esfera,que abriga em vida, a fortaleza da descontinua existência da essência.Ele, é palco e cenário de aflições,dos castigos impostos por mim, dos meus desejos secretos, de minha “felicidade explosiva”...Dos contos que marcam minha pele, do suor do meu trabalho.
O “palco” para mim é sagrado! Como um templo ... onde velo a alma de minha natureza, que é  pura . Templo esse , tão aberto e claro, que  permite-me saber, onde começa meu humano e onde se esconde meu animal, assim, me torno, “demasiadamente humana”, com imperfeições e perfeições.
E me faço de histórias de mais risos que prantos, mais comedias que tragédias... faço do riso minha melhor arte , da alegria um espaço singular onde gira e rodopia minha eterna criança.
E, assim, de historias escrevo minha vida... como uma prosa desprovida de estética, sem me preocupar com a rima ou a métrica...enfim, faço-as.
Se há uma história,nessa travessura, não há apenas um “Eu” ou apenas um “Tu”. A co-existência possibilita a ação de construir continuamente a mala de sentimentos na qual guardamos, (pelo menos eu guardo) , memórias, futuras histórias, novos risos, medos confusos...Esse é um jogo de sentidos ou de sentimentos???

 Se somos de marte, ou estamos em Venus, não é tão simples assim. Co- existência, isso se transforma em marcas que se traduzem em desejo e cumplicidade.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

INICIO: Lua Cheia



Eis o cavaleiro dos Céus !!
Cometa ou asteróide, situado entre Saturno e Urano.

Eis o rei dos Centauros !!!
Aquele que transmitiu ensinamentos de valores divinos em leis humanas.

Eis o mestre !!
O grande símbolo mágico de nossa condição humana, que nos remete a pergunta: “onde começa meu humano e onde termina meu animal?”

      Quíron é assim: meio humano e meio animal. Mas,quem de nós não o é ? Isso que o torna o titã mais próximo de nós.Por ser tão humano está em minha pele em forma de tatuagem me remetendo a lembrança desse legado. 
     Ah , meu velho e bom amigo que paira sempre em minha memória me auxiliando, curando minhas dores como o bom  “cuidador ferido”, me lembrando da ínfima condição humana na qual me orgulho de habitar.
    Quíron pairou sobre meu céu entre junho a agosto deste ano (2011) , me fez virar poesia, me seduziu com cânticos de amor.Me fez poeta num desejo onírico  e se tornou real na magia de minha fala.
    Por isso, suas luas serão brilhantes, plenas de realidade, objetos de reflexões... sejam elas cheias e minguantes,em quartos crescentes sem mistérios , e quando houver mistério desvendaremos...
  Estamos atentos cavaleiro dos céus, em seu galope ousaremos cavalgar e usurparemos nossas agonias transformando a dor que nos enleva em projetos latentes de vida.

Lailma Sheyla de Lemos




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Luas de Quíron
Jaboatão dos Guararapes, PE
Na verdade Quíron é uma figura Mitológica representada por um centauro: Metade humana, metade animal. Sua metade animal é um cavalo . Os centauros eram figuras perversas, mas não Quíron, que transmuta sua essência e possibilita a contra-referencia de nossa "humanidade". Quíron, simboliza até onde somos Humanos e até onde somos animais .
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Quíron

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